Thursday, August 10, 2006

Waking up


Dizem que com a dor vem crescimento. Por muito inteligente, perspicaz e atento que seja o ser humano, só aprendemos através dos erros, do sofrimento, da adversidade.
Numa altura em que o sofrimento é mais acutilante, é um pouco difícil ver o que se cresceu. Mas as coisas também não são assim. Não acontecem de um momento para o outro.

Se há algo que eu já tivesse aprendido é o facto de por muito sufocante que seja, a dor, também passa. Aqueles acordares cheios de revolta, sobressaltados como se tivéssemos levado um murro no estômago, também esses passam. Após um choque emocional é difícil tentar manter-nos lúcidos. Entreguei-me ao choro enquanto achei que fazia sentido. Mas sabia que isto também haveria de passar. E passou.

Ontem o acordar foi sereno. Diria antes que não foi um acordar sobressaltado, com raiva ou tristeza absoluta. Foi um acordar. Já tinha os dois pés no chão quando reparei: Humm, até que o acordar não foi mau. Isto é bom sinal. Vamos ver se amanhã também é assim.
E foi.
Não resmunguei com as almofadas, com o despertador, o lençol, a gata e o resto das almofadas. Não acordei para uma tristeza, para uma solidão e um silêncio ensurdecedor.
Apenas me levantei.

Posso não saber muitas coisas sobre mim, neste momento. Mas sei o que sou e as coisas que me são inatas e as que não são. Talvez não saiba o que realmente quero e aquilo que me faz verdadeiramente feliz. Talvez tenha que apreender a ser um pouco menos. Talvez tenha que reestruturar toda essa coisas chamada amor e o meu comportamento nessa loucura. Mas por muito atordoada que esteja, sei que não sou uma pessoa depressiva, pessimista, inadaptada… Tenho os meus problemas em certos aspectos destas áreas, posso sentir-me tentada e à vontade numa vivência mais sombria… mas não sou eu por muito tempo. Não é essa a minha natureza. Talvez, aqui, seja uma lutadora.

O tempo de luto acabou. Rendi-me aos convites das minhas irmãs, dos amigos e vejo como o meu choque e dor pareceu ao mundo exterior. O meu silêncio, o isolamento, o sofá e os batidos de leite. Somos só nós que podemos parir a dor e cada um faz o melhor que pode fazer. Com o pouco que sabe.

Claro que vou crescer. Claro que vou aprender algo. Um sofrimento destes tem muito para certificar. Descobrir concretamente o quê é o próximo passo.
Imagem - Tela (outra) de Helena Vasconcelos.
Obrigada

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