Wednesday, August 09, 2006

Gym

As pessoas vão para o ginásio pelos mais diversos motivos. Perder peso, ganhar musculo, fazer exercício, conhecer pessoas novas, libertar o stress e a lista é infindável.

Da última vez que me inscrevi numa classe, foi de Aikido, uma arte marcial. Só fui uma vez. Antes disso tentei duas vezes a piscina. Depois de já ter experimentado durante 6 meses Hapkido – outra arte marcial - e 15 meses o ginásio state of the art Venus7. Pensando bem, este último não pode servir como exemplo para a minha falta de assiduidade em ginásios e classes de exercício físico.

Mas voltei a ingressar num ginásio.
Porquê?

Está comprovado que o corpo humano não consegue lidar com mais do que uma dor em simultâneo. Ou seja, caso tenhamos partido em simultâneo uma perna e um braço, o nosso cérebro só vai lidar em termos de dor com o ferimento mais agudo. Não os dois.

Não é que vá partir uma perna e um braço no ginásio. Mas o ginásio sempre o ví como um local sem estímulo. Não desta vez. A ideia era levar-me aos meus limites físicos, tirar-me as forças para sofrer e talvez conseguisse ver as coisas de uma outra perspectiva.

Já lá vão umas quantas horas de ginásio. Sem faltas o que é muito importante. Nunca se sabe quando – normalmente, de um momento para o outro – vou decidir fazer outra coisa qualquer. Canoagem, sei lá. Ou aprender a tocar Saxofone.

Curiosamente estou agradavelmente surpreendida com os poderes do programa de Musculação e Cardio. Enquanto que nos pesos estou preocupada com o número de séries, para que lado inspiro ou expiro, em quantos é que já vamos, nas máquinas a coisa torna-se diferente. Por exemplo a Elitíca. Maquina adorável. Já temos tido grandes conversas e chegado a conclusões ainda maiores.

Para mim os ginásios pecam por falta de interesse - apenas o Vénus7 é excepção à regra -, nunca gostei muito daquela coisa de estar a transpirar numa bicicleta em frente a uma televisão ou enfiada entre quatro paredes, mesmo que duas delas sejam de vidro! Se é para andar de bicicleta, prefiro colocar a bicicleta no carro e ir para qualquer lado.
Confesso que dá muito trabalho.

A Raquel e a Mariana são viciadas no seu Gym e Spa. Eu não sei se o ginásio delas dava brindes por cada novo membro, se não deveriam, pelo quanto elas se esforçaram para recrutar-me. Eu achava aquilo giro, mas não o suficiente. Achava mais intimidante do que atraente. Para mostrarem-me o lado fantástico do Gym, decidiram ter um serão girls only. Fomos ao ginásio, jacuzzi, massagem, jantar e acabamos a noite entre copos de vinho branco num bar perto do ginásio a falar sobre os últimos fashion trends.

Tem o seu lado terapêutico. O ginásio, os pesos, as máquinas, a música techno, as dores nos músculos, o esforço na endurance, o calor na pele, o suor, concentração completa em bater o programa, o mais depressa, com a maior estabilidade.

Julgo ser nas vezes que estamos mais vulneráveis que somos menos arrogantes. E todos nós somos arrogantes. No emprego, em casa, na escola, no modo como lidamos com os outros e às vezes, até mesmo arrogantes no sofrimento.
No que me toca.
Um momento onde eu esteja a quebrar os meus limites físicos, com o fio dental transpirado, a pele vermelha e um olhar fixo no painel da Elitíca, é para mim um momento vulnerável!

Não sei se foi pelo esforço que estava a fazer, mas ontem - a correr contra o programa – reparei que o perdão não poderia ser só da minha parte. Eu também tinha que ser perdoada. Afinal eu não lutei, eu não corri atrás.
Talvez tenha deixado de ser arrogante no meu sofrimento. Não que alguma vez culpasse apenas uma parte, mas deixei-me de atormentar sobre o que poderia ou não ter feito. Isto alivia qualquer dor.
E perdoar e ser perdoada, alivia ainda mais.

Enquanto o ginásio tiver este auto-analise-critica-conhecimento-evolução efeito, vou continuar a ser fan. Mas confesso ter pouca paciência para toda aquela coisa e para a cena da toalha! Eu passei a usar duas toalhas e a ir antes da hora de almoço, quando está praticamente vazio! A ver se isto dura.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

espero que dure, embora eu não troque a bicicleta à beira-mar por nada deste muito (muito menos pelo tremendo cheiro dos ginásios - que me desculpe a amiga, mas é que cheiram mesmo mal)
ora, para aqui, o que eu lhe aconselhava era uma Ivette ou uma Daniela, que são profundamente aeróbicas e metem a techno toda num chinelo (ou será antes sapatilha?)

8:39 PM  

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